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Algum dirigente gremista ou colorado foi crucificado publicamente por trocar o treinador diante dos fracassos do time em campo? Não acontece! O que ocorre é o massacre de quem treina a equipe. No futebol é assim. Um novo treinador é logo contratado para, às vezes ainda antes do término do contrato, ter a mesma sorte do anterior. Os torcedores e os meios de comunicação não são condescendentes com as derrotas dos seus times de futebol e seus treinadores.
Neste novembro, estamos elegendo os prefeitos nas cidades brasileiras. Permitam-me fazer uma analogia com o quadro acima descrito. Os novos prefeitos escolherão, no início de 2021, um treinador para cada secretaria, ou seja, cada secretário formará o seu time, com funcionários concursados e convidados, para, em campo, ganhar o jogo, praticando ações políticas que garantam o sucesso da gestão pública.
Vamos aos casos concretos de Santa Maria e demais municípios da região. Os prefeitos, por compromisso de campanha, por amizade pessoal ou pressão dos partidos políticos que lhe deram vitória nas urnas, quem escolherão como treinador-secretário? Será o melhor, o mais competente, o mais adequado ao relevante ofício? Ou o escolhido será o vereador que não se elegeu e precisa de um cargo na prefeitura ou o companheiro político que tanto fez na campanha ou um amigo pessoal?
A escolha do treinador-secretário será feita pelos prefeitos, desejando a vitória dos seus times. Mas, diante dos fracassos na gestão pública, o que acontecerá? No futebol, a demissão do treinador é certa; na política, não! O treinador-secretário continua leal ao prefeito, ao partido. As razões da sua escolha não se alteram.
Mas, seis meses depois, o prefeito começa a perceber que o seu time vai de mal a pior. A avaliação mostra que a escolha foi medíocre. O treinador-secretário foi escolhido por critérios que não são os mesmos para avaliar o seu desempenho. Não se fala aqui de corrupção, de desvio de verba pública, de casos que levariam à polícia. Não! Estamos aqui tratando de competência em gestão pública, de capacidade em liderar a equipe de jogadores da secretaria para conquistar êxito na Administração Pública.
Cada prefeito, como dirigente, chefe e líder político, tem o direito e o dever de administrar o município através de equipes de trabalho que vão a campo para ganhar o jogo, conquistar vitórias, traduzidas em resultados positivos para todos os cidadãos. Diante dos fracassos e insucessos, o que acontece? Por que os dirigentes gremistas e colorados trocam os treinadores, mas os prefeitos mantêm "os mesmos", muitas vezes, comprovadamente incompetentes no exercício da sua função pública?
Como conciliar as exigências da Administração Pública com as pressões políticas, os interesses pessoais, partidários e familiares? Eis o desafio aos novos prefeitos: a coerência política!